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sábado, 30 de julho de 2011

A arte de perder

"A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente de perdê-las,
Que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, a chave perdida, a hora gasta bestamente.

A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero lembrar a perda de três casas excelentes.

A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo)
não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério."

(Elizabeth Bishop)

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